terça-feira, 5 de outubro de 2010

Posição de Dilma a favor do aborto pesou no fim das eleições

“A ofensiva católica e evangélica contra o PT e Dilma Rousseff devido à posição dela favorável à legalização do aborto — que ela mudou na campanha — se tornou uma espécie de “cruzada” nas últimas semanas e foi um dos fatores que influenciaram na tendência de queda nos votos da presidenciável, na avaliação da cúpula de campanha.
Enquanto a presidenciável se escorava em lideranças evangélicas do meio político, padres e pastores realizaram uma mobilização em missas e cultos, além de cartas e víde os na internet para pregar contra o voto no PT.
A Regional Sul 1 da CNBB, que contempla o estado de São Paulo, divulgou longo documento, lido nas missas, que “recomenda encarecidamente” que não se vote no PT.
Pela internet, um culto da 1 Igreja Batista de Curitiba foi visto por quase 3 milhões de pessoas. Entre cenas fortes de fetos mortos e despedaçados, uma criança indígena sendo enterrada viva e uma mulher sendo espancada, o pastor pede que não se vote em petistas.
Também no fim de agosto, o bispo Nelson Westrupp, da Diocese de Santo André (região do ABC) e presidente da Regional Sul 1, recomendou a difusão do documento “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras” onde se argumenta que o governo se comprometeu, em acordos multilaterais e com envio de projeto de lei, à legalização do aborto.
A orientação política anti-PT do pastor Paschoal Piragine aconteceu em um culto, gravado, no fim de agosto. O pastor opina que o PT — por ter fechado questão favorável à legalização do aborto e à união civil entre homossexuais — tenta transformar o país em uma terra onde o pecado é aceito e vulgarizado.
A campanha de Dilma já gravou vídeos e imprimiu material para conter uma possível debandada. Procurado na semana passada, o secretário de comunicação do PT, deputado reeleito André Vargas (PR), disse que o pastor Piragine é “preconceituoso, mentiroso, difamador e caluniador”. Petistas se reuniram com ele mas não o demoveram de sua postura.
— Isso é a opinião preconceituosa dele, lastreada na mentira — disse Vargas.

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